Wednesday, September 16, 2009

Capítulo 50

Jacó Simão, com as feições de um pobre animal semi racional, babou uma gosta esverdeada antes de balbuciar suas últimas palavras de protesto antes de ser levado por Gers em sua carroça de quinquilharias. Eu não sou assim, não sou assim, preciso encontrar... Foi interrompido por Gers, que calou seu escravo. Após um silvo que ecoou por toda a mata, surgiram outros dois seres, não tão semelhantes quanto Gers, porém, bastante parecidos com este Jacó Simão. Os dois o recolheram e com ajuda de correntes o levaram para dentro de uma espécie de carroça com barras maciças de aço e que era puxada por uma espécie de pangaré sem rabo e de orelhas aparadas, certamente por lesões. Resignado, Jacó Simão deixou-se preder e, junto aos outros dois, subiu no transporte. Enfiou a cara feia por entre as grades, suspirou longamente e deu um urro de se fazer ouvir, quem sabe, até mesmo na longínqua Cidadela. De certo, o urro foi escutado em outro povoado, não tão longe dali. E os habitantes do povoado sabiam: estava para chegar carne nova no pedaço, mas de que tipo? O que o velho Gers teria recolhido na floresta desta vez? Há muito tempo, o carrasco, dono de um próspero negócio responsável por colocar os mais diversos seres frente a frente em combate até a morte não aparecia com alguém empolgante. Estava em baixa e corria o risco de perder seu espaço e - principalmente - a respeitabilidade. Gers, todavia, estava certo de que encontrara o animal certo para dar a volta por cima. Gers sorria - e com isso seu aspecto ganhava um semblante ainda mais detestável. Silvou outra vez e partiram.

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