Tuesday, September 15, 2009

Capítulo 47

Jacó Simão olhou para Gers, que assim se apresentou, e analisou suas garras. Aí sim, passado o susto inicial, olhou para suas mãos, agora garras também. Passou os dedos pela pele - algo mais semelhante a couro - e sentia uma viscosidade interessante. Já não tinha nojo de si próprio e, mais do que isso, pareceu estar mais forte que nunca. Ele era mais alto não somente próximo de Gers, mas também se comparado à árvore na qual ficara amarrado nos últimos dias. Antes de fazer qualquer tipo de pergunta, andou, pisou firme sobre o chão lamacento e esboçou uma espécie de gargalhada, que saiu desafinada a ponto de afugentar pássaros e fazer com que os esquilos ali no papel de testemunhas saltassem de galho em galho para o mais longe possível. Sem perceber, Jacó Simão não murada apenas exteriormente, deixando o corpo frágil e inexpressivo para trás. Era agora um ser grotesco, medonho e bastante asqueroso. O mais importante, sentia muita força e um desejo incontrolável de arracancar a cabeça de todos os habilitantes da Cidadela com dentadas e encrustrar suas garras nas entranhas dos cadáveres, comendo, em seguida, cada órgão. Durante todo o tempo que parou para pensar nas novas possibilidades para sua vida como monstro, Gers permaneceu estático e de certa forma desinteressado, talvez não fosse novidade para ele assistir à tal reação. E, de fato, não era mesmo.

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