Wednesday, September 09, 2009

Capítulo 44

Tudo não passou de uma pesadelo, pois abriu os olhos na manhã seguinte e deu de frente com um ser franzino, travestido com uma espécie de fantasia feita à base de folhagens e penas. Seria hilariante e alvo de deboche na Cidadela. Mas ali, era notavelmente aterrorizante, com o rosto indefinido, postura indecifrável. Mesmo com o corpanzil frágil, tratava-se sim de um perigo, ao menos era que o se passava pela mente de Jacó Simão àquela altura. Cerrou os lábios e tentava - de alguma forma - analisar melhor aquela coisa estranha prostrada à sua frente. Ao mesmo tempo, como se por respeito, não erguia os olhos e não emitia qualquer sinal sonoro. Esperou. O ser, então, tomou a iniciativa e estendeu a garra, na qual pendia uma lâmina presa a um cabo de madeira escura. Com duas estocadas certeiras, cortou as amarras do apavorado homem, que mesmo livre - pela primeira vez em dias - não esboçou qualquer reação. Apavorado, aguardou pelo próximo passo do talvez inimigo. Ele deu um passo adiante, abaixou-se um pouco e buscou contato visual com Jacó Simão. Após segundos, que pareceram mais horas, Jacó ergueu um pouco queixo, somente o suficiente. E o que viu lhe cortou a alma como um raio desfaz uma árvore num piscar de olhos.

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