Sunday, February 13, 2011

Eu, Cavalo

Aquele bordão batido, 'a vida é um jogo', surpreendeu meu subconsciente numa noite de sonhos agitados. Talvez pelo fato de ter sacrificado horas valiosas de descanso de coisa alguma para me digladiar contra o computador portátil no xadrez, foi no tabuleiro deste nobre esporte que me pautei para discorrer sobre o assunto.

Ideia simples: qual peça eu seria, caso tivesse o poder de realizar uma 'mutação', e partir para as casas brancas e pretas, sessenta e quatro ao todo, distribuídas em linhas horizontais e verticais? O objetivo, todos sabem, encurralar o rei inimigo e capturá-lo, o famoso xeque-mate.

Na linha de frente estão os peões. Na verdade, apesar de pouco valor, as oito peças que protegem os seus superiores são fundamentais, mesmo que sacrificados inadequadamente por várias razões. E no final eles fazem enorme falta. De fato, porém, não me encantaria atuar por ali, como um ser descartável. O peão é muito marginalizado.

Não vou seguir a ordem dos puristas e profissionais sobre a ordem de importância das peças, vou pela minha consciência. Temos os bispos, cuja denominação já me deixa contrariado. Eles correm na diagonal, são matreiros e oportunistas. Surgem do nada e, quando menos se espera, pronto! Você é surpreendido com suas infiltrações vis.

As torres exercem papel similar ao dos bispos, só que com seus eixos determinados pelas coordenadas verticais e horizontais. Trata-se de uma arma bastante ‘quadrada’, retranqueira e voraz. Considero-as eficientes, mas pouco criativas. Isso sem contar o fato de que uma torre de verdade só faz acontecer se cair na cabeça de alguém e, mesmo assim, ainda consertarão Pisa.

Como um bom jogo, o xadrez conta com um belo casal – sustentado pela mulher. O rei praticamente foge o tempo inteiro, com passos curtos e quase nenhum poder de decisão, é um covardão. Presa fácil para a rainha rival, esta dotada de enorme mobilidade. Perder a dama é derrota quase certa, portanto, diante de um adversário mais forte, um troca-troca sempre é bem-vindo.

Dentro deste universo, contamos com dois cavalos, de longe os personagens mais exóticos. Eles andam em 'L' e saltam sobre as demais peças sem pedir licença. Com este diferencial, os cavalos ludibriam como poucos e são irritantes quando querem, em jogadas ofensivas e defensivas. Uma tabelinha com a rainha, com alguma malícia, é xeque-mate garantido.

Ora, há melhor motivo para optar por eles?

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