Monday, January 28, 2008

Capítulo 41

O crepúsculo encheu Jacó Simão de satisfação. A mescla de cores fortes, o dégradé do vermelho contrastando com o azul noturno davam uma sensação de alívio. As dores cessaram naquele instante – Jacó sentia-se realmente muito bem. O frio chegava mansamente e com ele um céu repleto de estrelas. Sem conseguir se mexer, sequer para se abrigar do sereno, Jacó fez companhia às estrelas durante toda a madrugada. Não cerrou os olhos e apenas passou longas horas fitando aquele belo cenário. Eventualmente, esticava o braço o máximo que podia para surrupiar algumas gotas de água do riacho. E assim, o homem banido permaneceu durante alguns dias, sobrevivendo à base de gramíneas e algumas doses de água doce. E sem nunca dormir – as estrelas estava ali para garantir isso. Jacó, todavia, ao passo que se sentia bem como nunca, sabia que seu fim se aproximava. Suas pernas estavam a ponto de se putrefazer e suas costas já estavam repletas de feridas purulentas. Aves negras e desconfiadas já rondavam o terreno. Enfim, Jacó Simão fechou os olhos, traindo as companheiras da madrugada.

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